Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/885866-especialista-em-mitologia-conta-historia-de-diluvio-tupinamba.shtml
Um dia, porém, a humanidade começou a murmurar.
- Este Maire-monan é um feiticeiro! - dizia o cochicho intenso das ocas. - Assim como criou vegetais e animais, esse bruxo há de criar monstros e Tupã sabe o que mais!
Então, certo dia, os homens decidiram aprontar uma armadilha para esse novo semideus. Maire-monan foi convidado para uma festa, na qual lhe foram feitos três desafios.
- Bela maneira de um anfitrião receber um convidado! - disse Mairemonan, desconfiado.
- É simples, na verdade - disse o chefe dos conspiradores. - Você só terá de transpor, sem queimar-se, estas três fogueiras. Para um ser como você, isso deve ser muito fácil!
Instigado pelos desafiantes, e talvez um pouco por sua própria vaidade, Maire-monan acabou aceitando o desafio.
- Muito bem, vamos a isso! - disse ele, querendo pôr logo um fim à comédia.
Maire-monan passou incólume pela primeira fogueira, mas na segunda a coisa foi diferente: tão logo pisou nela, grandes labaredas o envolveram. Diante dos olhos de todos os índios, Maire-monan foi consumido pelas chamas, e sua cabeça explodiu. Os estilhaços do seu cérebro subiram aos céus, dando origem aos raios e aos trovões que são o principal atributo de Tupã, o deus tonante dos tupinambás que os jesuítas, ao chegarem ao Brasil, converteram por conta própria no Deus das sagradas escrituras.
Desses raios e trovões originou-se um segundo dilúvio, desta vez arrasador.
No fim de tudo, porém, as nuvens se desfizeram e por detrás delas surgiu, brilhando, uma estrela resplandecente, que era tudo quanto restara do corpo de Maire-monan, ascendido aos céus.
*
Depois que o mundo se recompôs de mais um cataclismo, o tempo passou e vieram à Terra dois descendentes de Maire-monan: eles eram filhos de um certo Sommay, e se chamavam Tamendonare e Ariconte.
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